Apesar de hoje morar em Taubaté (SP), o sotaque não deixa dúvidas: as suas raízes no Rio de Janeiro a fazem lembrar de sua essência, fortalecida pelas muitas lembranças da infância e da adolescência, que deixam muita saudade. Ah, a saudade! Dos passeios, das aventuras, dos amores, dos cheiros, das sensações, das formas de falar, de pessoas queridas... As grandes mudanças e as perdas não são fáceis para ninguém e para Ana Lucia não foi diferente. Não poder mais estar com as pessoas que ama ou com os seus animais de estimação são os seus maiores medos. Há três anos teve que enfrentar essa dificuldade e ficou cara a cara com um desses percalços da vida: a perda de sua querida avó. Se pudesse, ela passaria uma tarde inteira conversando e rindo com ela. Sua presença é lembrada todos os dias e saber que um dia estarão juntas novamente aquece o coração e renova as esperanças.
São muitas as coisas que movem Ana Lucia, mas o que a impulsiona com certeza é a família, formada por seu marido, os seus dois filhos e todos os seus animais de estimação: dois cachorros, dois gatos, uma tartaruga, uma maritaca e muitos peixinhos. Muito mais que mascotes para companhia no dia a dia, os seus animais despertam e tratam de sentimentos profundos. Para ela é impossível se sentir triste ao lado dos animais e os seus, em especial, desempenham um papel fundamental durante o seu tratamento para a depressão – que realiza há alguns anos. Embora não aparente, e muitos não saibam, a sua luta é diária e algumas mudanças tiveram que acontecer para que ela pudesse se sentir melhor. Não se importar tanto com o que os outros pensam e se conectar com a sua consciência a deixou mais leve, livre e feliz. Foi como se tivesse se libertado de algo que a impedia de ser ela mesma.
Apesar de "a espera" não ser o seu forte, Ana Lucia acredita que o tempo ensina, pois afinal ele é um ótimo professor. Em sua caminhada entendeu que para dar conta de suas multitarefas, como cuidar da família, dos seus bichinhos, do trabalho e dela mesma, nem tudo sairá perfeito sempre e sentir-se culpada por isso já não faz mais parte da sua realidade. Só sente ter demorado tanto para aprender que para ser feliz a opinião dos outros não pode interferir no seu modo de ser e de pensar. Com o tempo, colocou em prática algumas mudanças necessárias e buscou recursos para se dedicar ao seu propósito de vida: aproveitar cada instante como se fosse o último, ser feliz e fazer as pessoas que convivem com ela felizes.
Durante a sua caminhada encontrou as "cerejas do bolo": fazer viagens pelo mundo, acompanhar as tendências de moda e as novidades relacionadas à beleza, se maquiar com os truques que aprendeu, poder ter a experiência de ser fotografada e, com certeza, não perder os encontros com as suas amigas – quando a diversão é garantida. Inclusive, para ela, esses momentos de descontração para conversar, rir, tomar um bom vinho e se desligar da rotina são como uma terapia, fazem muito bem para a saúde mental e é uma das coisas que ama fazer - ela recomenda a prática para todos. Esses momentos são tão importantes para ela que durante o período de isolamento social precisou encontrar outras formas de se conectar com as pessoas. Nasceu então a ideia de compartilhar nas redes sociais um pouco da sua vida, do que gosta de fazer e da sua rotina. Essa troca foi tão significativa para ela que não parou mais e mantém o hábito de interagir com os seus seguidores até hoje.
Os livros e as produções audiovisuais são as suas outras paixões, que tiveram grande influência na escolha de sua profissão: professora de Literatura. As suas referências culturais preferidas trazem à tona sentimentos e reflexões sobre a imaginação e o comportamento humano, como o seu livro preferido, "Dom Casmurro", e um de seus filmes mais queridos, "Uma linda mulher". Ambos revelam a mulher romântica e sonhadora que Ana Lucia é, deixando à flor da pele todas as suas emoções e sensibilidade.
Por ter uma presença marcante, o gosto em cuidar da aparência e de poder explorar as possibilidades de se expressar através do seu estilo a levaram a ter o costume de cuidar com muito carinho do seu corpo, pele e cabelos. Usar protetor solar todos os dias, não dormir maquiada, usar cremes específicos para o seu tipo de pele e idade estão entre os seus protocolos de beleza seguidos com afinco. Com os pés próximos aos 50 anos, ela dedica mais tempo de sua vida para fazer as coisas que lhe dão prazer. Ela não tem medo de envelhecer, mas quer estar bem para aproveitar os seus novos ciclos. Com as suas experiências, não busca mais a aceitação dos outros, quer que gostem dela como ela é; afinal do que adiantaria gostarem de uma Ana que não é autêntica?!