Uma máquina de trabalho à qual muitos dizem funcionar "nos 220", basta pouco tempo à sua volta para ficar claro que ela está em uma voltagem infinitamente superior. Altiva, tenaz e impassível, essa mineira talvez tenha herdado dos Bandeirantes o amor à independência e, fazendo jus ao estado onde nasceu, jamais fará desfeita a um café ou a um pedaço de queijo, "especialmente se vier um acompanhado do outro" (risos).
Vendas veio no DNA, gentilmente fornecido por sua mãe Denisia a quem via fazê-lo com maestria. Foi em sua infância, também, que Georgia começou a se interessar por moda, sendo chamada a participar de desfiles em boutiques infantis da cidade onde morava. Com um estilo bastante autêntico e próprio, Georgia notava desde muito cedo que a forma de se vestir chamava a atenção das pessoas.
Aos 36 anos, empreendedora, casada e mãe de duas meninas, Antonella e Isadora, poucos sabem que essa menina-mulher um dia sonhou estudar Nutrição, mas a condição financeira da época criou um atalho certeiro para o mercado de trabalho.
Foi aos 17 anos, trabalhando como vendedora em uma loja de roupas, que o sonho de empreender nasceu de maneira tímida e distante. Determinada, aos 19 já ocupava posição de gerente. Sonhadora, aos 22 embarcava para a Espanha em busca de capital para abrir seu próprio negócio. "Foi uma ilusão, mas agradeço muito essa experiência que foi um divisor de águas em minha vida. Foi lá, subempregada, que aprendi a valorizar o meu dinheiro e a respeitar o meu suor", diz a Personal Stylist.
Como uma típica prosa, real e sem poesia, em 2008 Georgia mudou-se para a bela Cunha, no interior de SP. Ajudava na administração de uma pousada quando, como por ordem cósmica, lhe foi oferecido o estoque de biquínis e moda fitness de uma recém-fechada loja, para que o vendesse a troco de uma pequena comissão. "Acho que na época me foi oferecido algo em torno de R$ 5 por peça vendida, mas eu vendia muitas peças". Conta com orgulho a moça prodigiosa.
Astuta, Georgia já notava a ausência de uma loja de roupas com a qual se identificasse em Cunha. As vendas e o relacionamento com suas clientes aos poucos resgataram o sonho já quase esquecido e devolveram sua confiança em sua capacidade de influenciar pessoas e em seu olhar clínico e particular para a moda. A coragem a levou a viagens a São Paulo para a compra de roupas. As sacolas foram rapidamente substituídas por araras em um cômodo da casa. Em pouco tempo, o cômodo ficou pequeno. Então veio a inevitável materialização de um sonho e, com árduo trabalho, a menina virou loja e, a sacoleira, uma empresária de sucesso com a abertura das portas da Georgia Carvalho em 2 de outubro de 2010.
Sua característica de autenticidade fez diferença, Georgia inovou com vitrines bem decoradas, lançamentos de coleções, coquetéis e ações promocionais, totalmente atípicos no comércio local. "Eu me orgulho em pensar que talvez eu tenha contribuído para uma mudança positiva, influenciando de alguma maneira a forma que as pessoas trabalhavam", fala com modéstia.
Com uma curadoria versátil e moderna, reflexo de sua personalidade e de sua relação com a moda, Georgia deixou a velada timidez de lado e, aos poucos, foi se tornando a cara de sua marca. "As pessoas começaram a pedir pra eu aparecer mais". Um prognóstico bastante óbvio era que seu séquito de fato buscasse o rosto para associar ao nome que, além de decorar a fachada, é intrinsecamente encontrado na identidade da loja.
O início da pandemia trouxe novos desafios e, junto a esses, mais inovação. Georgia fortaleceu sua presença online e, na proa, novamente navegou contra a corrente, fazendo o negócio crescer em um momento de incerteza generalizada. Em sua primeira live de vendas, Georgia se emocionou ao vivo, mas o choro foi de superação e gratidão. Hoje já contabiliza inúmeras lives, algumas com tamanha interatividade que chegam a impressionantes 3 horas de duração.
Com ávida disposição para abraçar oportunidades, Georgia desenvolveu parceria com a TV Aparecida, que está entre as oito emissoras mais assistidas do Brasil, e começou a vestir alguns de seus apresentadores, dentre eles Abiane Souza, Daniela Espíndola e Jéssica Fernandes. O inquestionável bom gosto de Georgia também chamou atenção da cantora e compositora Paula Fernandes, a quem chegou a vestir para um evento de fim de ano do qual foi a principal atração.
Com o tempo, sua inquietação por novos desafios e sua visão de futuro demandaram vôos ainda mais altos. Então, em 12 de novembro de 2021, as portas de uma nova unidade da loja Georgia Carvalho foram abertas na cidade de Guaratinguetá. Realista, Georgia entende que o sucesso demanda sacrifícios. "Se tem uma coisa da qual eu não tenho medo é de trabalho. Meu único medo é não conseguir equilibrar meu trabalho com a maternidade, e falhar como mãe de alguma maneira". Confessa a capricorniana que reconhece sua distintiva tendência em se cobrar demais e ser um tanto rígida consigo mesma em alguns momentos.
Visionária, Georgia ainda acha tempo para oxigenar a mente de modo a se provocar a pensar de forma mais ampla, criativa e irrestrita. Ela acaba de retornar de Paris onde fez uma imersão em estilo e tendências do mercado de alto luxo. "Eu quero ser referência de loja multimarcas no Vale do Paraíba". Ela para por aí? Não. Georgia já se prepara para uma nova viagem de aperfeiçoamento, ainda indecisa entre Nova Iorque ou Milão.
"Recentemente me deparei com um ditado popular que falou muito alto comigo - Mar calmo nunca fez bom marinheiro - mas eu reconheço o privilégio de ter ao meu lado pessoas que são minhas bases, as estruturas que me alicerçam, e elas estão comigo em cada passo, em cada sonho e em cada conquista. É muito bom estarmos rodeados de almas boas que nos permitem ser do tamanho que quisermos. A chave é entender que a única pessoa capaz de determinar esse tamanho deve ser nós mesmos."
